Hoje proponho um passatempo. Quais das atividades enunciadas em seguida
podem ser consideradas "estudar"?
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Fazer os trabalhos de casa.
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Ler as páginas do manual dadas na última aula e fazer um resumo da matéria.
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Fazer uma pesquisa sobre um tema na Internet.
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Conversar com um colega sobre a matéria dada na aula.
Na minha opinião, todas estas atividades podem ser estudar, mas também
todas elas podem não o ser.
Resposta estranha esta? Então fazer os TPC, por
exemplo, não é sempre "estudar"?
Respondo:
E quando os estudantes fazem os TPC a correr antes de entrarem para a aula,
muitas vezes copiando por um colega? E quando fazem os TPC em casa, mas não
estudam primeiro a matéria a que eles dizem respeito e, por isso, não
compreendem o que estão a fazer, pretendendo apenas mostrar que cumpriram a
tarefa? E quando pedem ajuda a alguém (um colega ou um adulto) e o apoio
recebido consiste apenas em lhes ser dita a solução e não em serem auxiliados a
aprender a resolver a tarefa pedida? Poderíamos fazer uma análise idêntica para
cada uma das outras atividades referidas.
Para ajudar a que estudar seja sempre "estudar", proponho o
semáforo do estudo.
Luz vermelha: Parar para pensar, definir objetivos e planear.
Vou estudar Português. Mas...
o que preciso de estudar? Palavras da mesma família? O texto narrativo? Recursos
estilísticos? Onde encontro essa matéria? No livro? No caderno diário?
Na gramática? Num site da Internet? De que material vou precisar? Do livro e do caderno diário?
De material de escrita? Da gramática? Do dicionário? E que atividades vou fazer? Leitura
da página da gramática para rever o que foi dado na aula? Um esquema com os
recursos estilísticos? O TPC? E qual a melhor ordem para realizar essas tarefas?
O semáforo passa a amarelo quando todas estas decisões estiverem tomadas e o
material preparado para iniciar o trabalho.
Luz amarela: Avançar devagar e com cuidado, para estudar realmente e
aprender.
Nesta fase, são realizadas as
tarefas definidas na primeira etapa. No caso de surgirem dúvidas, não devem ser
ignoradas. A consulta do manual ou da gramática é uma estratégia de resolução
possível, tal como perguntar a um familiar ou a um colega. Em último caso,
anota-se a dúvida para perguntar ao professor na aula.
As tarefas estão realizadas. O estudo acabou. Verdade? Mentira!
Luz verde a aproximar-se: Avaliar o trabalho realizado e as
aprendizagens efetuadas.
Terminada a realização das
tarefas definidas, é necessário verificar se os objetivos traçados foram
atingidos. Já sei as características de um texto narrativo? Já consigo definir e
identificar os recursos estilísticos? Se as respostas a estas ou a outras perguntas correspondentes aos
objetivos do estudo são afirmativas, o semáforo passa a verde e o estudo
terminou. Se as respostas são negativas, o semáforo passa novamente a vermelho.
É preciso saber que razões levaram a que os recursos estilísticos não tivessem
ficado compreendidos. Não estive com atenção, porque queria acabar depressa?
O telemóvel estava sempre a tocar e eu parava para ler os sms? Não li as
definições que estão na gramática? Não analisei os exemplos? Fiz o TPC sem ter
estudado primeiro a matéria? Encontrados, desta forma, os obstáculos que impediram que houvesse
aproveitamento no estudo, são definidas novas estratégias para os resolver. Desligar
o telemóvel. Ler a página da gramática e analisar os exemplos. Fazer novamente
os exercícios e verificar se estão bem. O semáforo passa outra vez a amarelo para estas tarefas serem
executadas. No fim, começa uma vez mais a passar a verde. Se nesta nova
avaliação se verificar que o estudo resultou, agora sim, o semáforo pode passar
a verde. A tarefa está cumprida.
O mais importante no estudo não é que ele ocupe uma grande quantidade de tempo.
Esta é variável de estudante para estudante. Fundamental mesmo é que o estudo
seja feito regularmente e passe por estas três fases. Estudar é uma atividade
que requer implicação pessoal, concentração, reflexão...
Estudar é uma atividade que, embora possa ser feita com ajuda e até mesmo em
grupo, não dispensa o envolvimento total do estudante. Estudar é bom, porque
quando se aprende fica-se mais apto a ler o mundo e a intervir nele de forma
consciente. É pena que, muitas vezes, estudar seja sentido como uma tarefa
enfadonha (não apenas pelos jovens, mas também por muitos adultos), o que é
bastante estimulado por um ensino excessivamente virado para a avaliação por
testes e por exames, desde idades precoces, em que essa enriquecida e mais
enriquecedora e participada leitura do mundo é difícil de vislumbrar.
in Educare.
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