Alunos daltónicos vão ter código que associa símbolos a cores nos exames
Os alunos daltónicos vão dispor de um novo sistema de identificação de cores, nas provas e exames em que a cor seja determinante para a compreensão do enunciado e resolução das questões apresentadas.
O acordo que permite a utilização deste instrumento, um código designado ColorADD, ficou esta quarta-feira estabelecido entre o Ministério da Educação e Ciência (MEC) e a empresa que o desenvolveu.
No ano passado, foram requisitadas 135 provas específicas para alunos daltónicos, nas duas fases dos exames nacionais do Ensino Secundário, disse à agência Lusa fonte do MEC.
O código, que associa símbolos às cores, vai vigorar já este ano letivo nas provas e exames, para melhorar as "condições de igualdade" dos alunos daltónicos, de acordo com o Ministério.
Para assegurar uma eficiente utilização deste recurso, foi concebido um plano nacional de acompanhamento às escolas, anunciou o MEC.
Segundo a informação disponibilizada esta quarta-feira, existem 350 milhões de daltónicos, no mundo, dos quais 41,5% sentem dificuldades ao nível da integração social.
Esta limitação afeta 10% da população mundial masculina.
O projeto foi concebido pelo investigador Miguel Neiva, "designer" de formação, que entendeu que o seu trabalho não é só "fazer bonitos carros ou bonitas roupas".
Em 1999, decidiu desenvolver uma tese de mestrado na área do "design" inclusivo, contou à Lusa o autor do projeto, já a vigorar noutras áreas e que é disponibilizado sem custos para o Ministério da Educação.
Tornar o mundo "mais acessível, mais igualitário, melhor para todos" é uma das competências do "design", para Miguel Neiva, que, entretanto, criou uma empresa com o mesmo nome.
"Decidi pegar em algo que descobri, na altura, que nunca ninguém tinha pegado", afirmou Miguel Neiva, que pretende ver este projeto exportado para o mundo pela AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.
O código será particularmente útil em provas com mapas, gráficos ou outras figuras coloridas.
Durante a investigação que fez com daltónicos de vários países, Miguel Neiva apercebeu-se de que "90 por cento da comunicação que é feita no mundo é através de cor".
A ideia foi criar um código universal, que pudesse ser entendido aqui ou na China, e transversal a variados setores, daí o recurso a símbolos.
O daltonismo é uma limitação que impede a correta identificação das cores e afeta maioritamente homens.
De acordo com o investigador, o código foi premiado a nível internacional e nacional, estando está já a ser utilizado em transportes (Metro do Porto), hospitais, museus, vestuário e em lápis.
"Já está [em uso] em mais de 40 âmbitos", revelou.
O protocolo para incluir este código nos exames foi assinado entre o Gabinete de Avaliação Educacional, a Direção Geral da Educação e a ColorADD, com a homologação do secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, João Grancho.
Este ano, também os alunos cegos ou com baixa visão terão um novo instrumento. Pela primeira vez, os enunciados das provas finais e exames nacionais serão apresentados em formato DAISY (Digital Accessible Information System) ou em documento, com Entrelinha 1,5, em formato PDF.
O MEC recordou que se salvaguarda, com caráter transitório, a possibilidade de, este ano, os alunos que não reunirem condições para realizar as provas em formato DAISY, poderem ainda recorrer à transcrição em Braille.
in JN, 27/03/2013
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