O projecto Geração XXI, que acompanha o
desenvolvimento de 8.647 crianças desde a sua gestação, foi recentemente
identificado por um artigo científico internacional como um dos maiores estudos
longitudinais na Europa a estudar o desenvolvimento pré e pós-natal, avança a
agência Lusa.
O artigo “Pregnancy and Birth Cohort
Resources in Europe”, publicado na revista Paediatric and Perinatal
Epidemiology, identificou 56 estudos deste tipo a funcionar em 19 países da
Europa, o que representa uma população em estudo de mais de 500 milhões de
crianças. Neste estudo, a Geração XXI é identificada como o maior estudo longitudinal
a desenvolver nos países do sul da Europa (Portugal, Espanha, Itália e Grécia).
A Geração XXI é o primeiro e único estudo deste tipo a ser realizado em
Portugal ao acompanhar 8.647 crianças nascidas em cinco hospitais públicos na
área do Grande Porto – Hospital Geral de Santo António, Maternidade Júlio
Dinis, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, Unidade Local de Saúde
de Matosinhos – Hospital Pedro Hispano.
Os investigadores pretendem caracterizar o desenvolvimento pré e pós-natal,
estudando indicadores de saúde materna e infantil (por exemplo, quantas
mulheres fumam durante a gravidez, quantas amamentam os seus filhos e até que
idade ou quantas crianças têm peso a mais) e também estudar a relação entre
características dos pais e do desenvolvimento perinatal e parâmetros
antropométricos (medidas das diversas partes do corpo) e biológicos das
crianças, nos seus primeiros anos de vida.
A Geração XXI serve de base a um vasto leque de trabalhos de investigação
científica, em áreas como a saúde perinatal, obesidade e saúde metabólica,
estilos de vida, saúde cardiovascular, saúde musculoesquelética, entre outras.
Das avaliações da Geração XXI saíram já quatro teses de doutoramento e 13
teses de mestrado (encontrando-se mais nove teses de doutoramento em curso), 13
artigos científicos publicados em revistas internacionais e mais de 30
participações em congressos internacionais e nacionais.
Coordenador do projecto científico Geração XXI apela ao apoio do mecenato
O presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e
coordenador do projecto Geração XXI, um estudo científico pioneiro em
Portugal que acompanha mais de 8.000 crianças desde a gestação, apelou esta
segunda-feira ao apoio do mecenato português.
Apesar do financiamento comunitário e da Fundação Gulbenkian, os
responsáveis pelo projecto têm despesas adicionais que sentem ter a obrigação
de cumprir, como por exemplo oferecer os pequenos-almoços às cerca de 8.500
crianças que se deslocam ao instituto para fazer análises clínicas.
“Estas crianças vão em jejum para fazer as suas análises, obviamente, nós
temos a obrigação de lhes dar o pequeno-almoço. Era muito importante que
houvesse mecenato, porque para muitas empresas é irrelevante fornecer oito mil
pequenos-almoços e para nós é uma imensidão de dinheiro”, salientou Henrique
Barros, em declarações à Lusa.
Apesar de ser o primeiro estudo deste tipo alguma vez realizado em
Portugal, que envolve milhares de crianças nascidas nos hospitais públicos com
maternidade, da grande área metropolitana do Porto (S. João, Santo António,
Pedro Hispano, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Maternidade Júlio
Dinis), entre Abril de 2005 e Agosto de 2006, a sua importância científica
“ainda é pouco percebida a nível nacional”, lamenta o coordenador principal do
projecto.
“Noutros países onde a tradição da investigação científica na área da saúde
populacional, da saúde comunitária e da saúde pública é mais enraizada, os
próprios mecenas entendem-se no apoio a dar. Entre nós, praticamente, não há
mecenas, portanto, temos de ultrapassar todos os obstáculos e inventar
soluções”, disse Henrique Barros.
Mas, ressalvou, “obviamente, não queremos que o projecto pare e,
seguramente, iremos conseguir que se mantenha, assim como iremos conseguir
manter vivo o interesse das mais de oito mil crianças e respectivas famílias”.
“Trata-se de um projecto internacionalmente reconhecido e que é uma fonte
extraordinária de informação para os decisores” porque “tudo fica documentado
no preciso momento em que acontece.
É como uma câmara que vai acompanhando o percurso deste conjunto de
crianças”.
As avaliações do projecto Geração XXI, actual e futuras, “poderão ser
encaradas como linhas de monitorização do estado de saúde e dos seus
determinantes nas crianças portuguesas e, desta forma, ter um importante papel
no planeamento de estratégias de intervenção sanitária, funcionando mesmo como
observatório de saúde” sustentou.
Vinte pessoas trabalham continuamente na avaliação das mais de oito mil
crianças e a equipa inclui médicos, psicólogos, nutricionistas, sociólogos,
farmacêuticos, fisioterapeutas e assistentes sociais, entre outros.
A Geração XXI serve de base a um vasto leque de trabalhos de investigação
científica, em áreas como a saúde perinatal, obesidade e saúde metabólica,
estilos de vida, saúde cardiovascular, saúde musculoesquelética, entre outras.
Das avaliações da Geração XXI saíram já quatro teses de doutoramento e 13
teses de mestrado (encontrando-se mais nove teses de doutoramento em curso), 13
artigos científicos publicados em revistas internacionais e mais de 30
participações em congressos internacionais e nacionais.
Recentemente, o
projecto foi identificado por um artigo científico internacional como um dos
maiores estudos longitudinais na Europa a analisar o desenvolvimento pré-natal
e pós-natal.
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