quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Método de professor que ensina a estudar melhora notas em 30%
 
Mais de 500 estudantes portugueses seguiram o método de um professor para ser bom aluno e as notas melhoraram cerca de 30%, segundo o autor, que defende a criação de uma nova disciplina nas escolas para ensinar a estudar.
foto Lionel Balteiro / Global Imagens
Jorge Rio Cardoso (à direita)
 
 
 
Quando chegou à escola, Jorge Rio Cardoso era mau aluno. Sozinho, conseguiu superar as suas dificuldades e hoje é professor universitário, trabalha no Banco de Portugal e ensina os mais novos a atingir melhores resultados.
Para Jorge Rio Cardoso, as escolas deviam ter uma disciplina para ensinar os alunos a estudar.
"Os professores têm de ensinar as matérias curriculares e estão condicionados pelo cumprimento dos respetivos programas, pelo que não têm muita margem para poderem trabalhar com os alunos métodos de estudo. Daí notar-se que há muitos alunos que não sabem estudar", defendeu o docente que, nos últimos anos, tem corrido o país para dar palestras nas escolas, onde ensina o seu método a alunos, professores e encarregados de educação.
Quatro fases
Dividido em quatro fases, o método defendido por Jorge Rio Cardoso está explicado no livro "Ser bom Aluno: Bora Lá", onde se aprende a organizar apontamentos, fazer resumos ou memorizar.
A primeira fase ensina a fazer apontamentos, a segunda ensina a fazer um mapa mental. "São apresentadas técnicas para conseguir compreender ou memorizar, como por exemplo, os alunos podem imaginar que estão a dar uma aula", explicou à Lusa Jorge Rio Cardoso.
O estudante deve depois ser capaz de relacionar as matérias e, finalmente, fazer uma auto-avaliação.
Segundo Rio Cardoso, cada aluno é um caso, mas estas são regras que podem ser seguidas por todos.
Método posto à prova
Os métodos do programa "Ser bom aluno" foram postos à prova e os resultados mostram que quem seguiu os conselhos melhorou as notas. Num total de 588 alunos, de 24 escolas do país e ilhas, registou-se uma melhoria de cerca de 30%.
Os alunos foram divididos em dois grupos: o "Grupo A" composto por 378 estudantes entre o 7.º ao 9.º ano e o "Grupo B", com 210 alunos do 10.º ao 12.º ano.
O grupo A teve uma melhoria de 31,8% e as notas do grupo B melhoraram 26,7%, segundo os dados disponibilizados pelo autor.
As disciplinas com melhorias mais significativas foram Geografia, em que os alunos subiram a nota em 43%, e História, com uma melhoria de 39%.
Os mais novos tiveram melhores resultados: no 8.º ano a subida foi de 36,3%, no 9.º foi de 32,4% e no 7.º de 28,3%. No entanto, é entre os mais velhos que se nota menos desistências do programa.
É que os alunos registam-se voluntariamente no programa, sendo que apenas uma pequena percentagem foi acompanhada presencialmente (82 alunos, 15,1% do total). Os que foram acompanhados presencialmente tiveram uma melhoria superior à média geral: 36.2%.
Ensinar a organizar e planificar o estudo
Paula Correia foi uma das professoras que, no ano passado, decidiu aplicar o modelo a um grupo de alunos de escolas de Faro. "Tinham algumas dificuldades escolares e uma baixa auto-estima", recordou a docente, garantindo que no final do ano as notas melhoraram.
Uma vez por semana, a professora reuniu-se com o grupo e ensinou-os a organizar e planificar o estudo. "Eram alunos que tinham uma negativa alta e não conseguiam dar o salto para a positiva, apesar de dizerem que tinham estudado", disse.
O método também sublinha a importância da parte motivacional em que se explica que os alunos devem sempre comparar-se consigo próprios e não com o melhor da turma.
Rio Cardoso apresenta também algumas sugestões para os pais: "O objetivo dos pais deverá ser que o filho faça progressos e que esteja melhor do que estava há um mês, ou há um ano atrás".
 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Educação Especial

Crianças com necessidades educativas especiais ainda à espera de apoios


MEC promete dar resposta aos planos de acção e financiamento dos Centros de Recursos para a Inclusão até ao final da semana

Chegada de técnicos às escolas continua atrasada PAULO PIMENTA
 
As crianças com necessidades educativas especiais (NEE) integradas no ensino regular ainda estão sem apoios específicos - como terapia da fala e fisioterapia -, devido ao atraso do Ministério da Educação e Ciência (MEC) na aprovação dos planos de acção e no financiamento dos Centros de Recursos para a Inclusão (CRI), denunciou ontem Rogério Cação, da direcção da Federação Nacional das Cooperativas de Solidariedade Social (Fenacerci). O MEC promete dar resposta até amanhã.
O sistema é semelhante em todo o país: com a chamada "escola inclusiva", os alunos que antes frequentavam o ensino especial passaram a estar integrados no ensino regular, recebendo apoio especializado dos CRI. Estes, por sua vez, são geridos pelos próprios agrupamentos ou por organizações como a Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental ou as CERCI (Cooperativas para a Educação e Reabilitação dos Cidadãos Inadaptados).
De acordo com Rogério Cação, os agrupamentos de escolas e os técnicos dos CRI desenharam os planos de acção antes mesmo do final do último ano lectivo. "Não há nada que justifique este atraso. No ano passado, a situação já foi grave, porque houve cortes muito sérios no financiamento dos CRI da zona de Lisboa. Agora, duas semanas depois do início das aulas, não sabemos sequer se os planos foram aprovados e se o financiamento se mantém", criticou. Alertou que, "sem garantias, as organizações não podem avançar" e deu conta da existência de "atrasos significativos, nalguns casos desde Março, na transferência de verbas do MEC para CRI do Centro e Norte".
O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, confirmou "o atraso preocupante" na chegada dos técnicos às escolas e sublinhou que apenas ontem o CRI do agrupamento de escolas da sua área, Cinfães, recebeu autorização para a sua contratação. "A burocracia que se segue fará com que os alunos não tenham apoio antes de meados de Outubro, o que é absolutamente incompreensível", disse.
Em resposta ao PÚBLICO, o MEC assegurou ontem, através do gabinete de imprensa, que "a aprovação dos planos de acção de 2013/2014 e a respectiva dotação financeira serão comunicados às entidades que gerem os CRI até ao final da semana". Acrescentou que, durante a análise destes planos, se verificou que os critérios para atribuição de financiamento dos CRI para crianças com problemas mais graves podiam "conduzir à não-concessão de apoio terapêutico a um número muito significativo de alunos que, em grau diverso, se comprovou também dele necessitarem". "Face a essa situação, o MEC adoptou procedimentos que permitissem o apoio a todos os alunos", conclui, escusando-se a esclarecer a que medidas se referia. Em relação aos pagamentos pendentes relativos a 2012/2013, o MEC disse que "a situação será regularizada muito em breve".