terça-feira, 30 de abril de 2013

Experiências musicais melhoram perceção da linguagem

      Música estimula o desenvolvimento intelectual, pessoal e social dos jovens

helena

Simpósio «Music, Poetry and the Brain» vai decorrer dia 25 de Maio na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa
 
      Estudos recentes sobre a actividade cerebral comprovam que a interacção com a música pode influenciar acções cognitivas que não estão directamente relacionadas com ela, principalmente nas gerações mais jovens. O córtex cerebral organiza-se à medida que nos envolvemos em diferentes actividades musicais e as capacidades relacionadas com esta área adaptam-se a outro tipo de acções com um processo cognitivo semelhante.
     Estudos sobre estes temas serão apresentados no simpósio «Music, Poetry and the Brain», organizado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e pelo Goethe- Institut, a realizar no dia 25 de Maio, na Reitoria da UNL. A programação, não direccionada apenas a especialistas em música ou neurociência, está a ser coordenada por Armando Sena (Lisboa) e Robert Zatorre (Montreal).
 
      As investigações mostram que a música e o discurso oral partilham uma série de sistemas de processamento cognitivo, pelo que as experiências musicais melhoram a percepção da linguagem, o que por sua vez facilita a aprendizagem da leitura.
Experiências com crianças de oito anos com apenas oito semanas de educação musical demonstraram que havia melhorias na cognição perceptual quando comparadas com o grupo de controlo. O envolvimento activo com a música aguça a capacidade cerebral para registar sons linguísticos.
      O discurso oral faz um uso extensivo da audição dos padrões estruturais que se baseiam nas diferenças do timbre entre fonemas. A educação musical desenvolve capacidades que melhoram a percepção destes padrões, que, por sua vez, são fundamentais para desenvolver a atenção fonológica e aprender a ler com sucesso.
 
“Desenvolvimento cognitivo não existe sem desenvolvimento sensorial e motor”
 
     Tocar um instrumento ajuda a melhorar a capacidade de recordar as palavras através do desenvolvimento da região temporal esquerda do cérebro. O mesmo estudo realizado com crianças de oito anos demonstrou que os participantes com educação musical fixaram mais 17 por cento da informação do que aqueles que não tinham educação musical.
      Helena Rodrigues, professora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e especialista em psicologia da música explica que “o desenvolvimento cognitivo não existe sem desenvolvimento sensorial e sem desenvolvimento motor. A música apresenta um forte potencial em termos de estimulação a este nível”.
      Afirma também “que não se pode falar em desenvolvimento cognitivo sem considerar também o desenvolvimento social. E aqui, a música apresenta também todo um potencial de transformação capaz de ajudar crianças com necessidades educativas especiais – quer as que apresentam dificuldades de aprendizagem como as sobredotadas, que são também especiais”.
     A especialista refere que “em Portugal há vários estudos realizados nesta área. Não posso deixar de destacar o trabalho realizado no Laboratório de Música e Comunicação na Infância do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas que, não obstante ser um equipamento recente, conta já com duas teses de doutoramento muito relevante no âmbito do estudo do desenvolvimento musical na infância”.
      Está também a decorrer o Projecto Opus Tutti que tem um carácter musical significativo, “voltado para a infância e apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian”.
      No entanto, continua a faltar investimento na educação musical no nosso país. “A educação pré-escolar e o primeiro ciclo de escolaridade são a altura em que se aprende mais e mais depressa. Por isso, deveria haver um investimento muito maior na educação e no apoio social que é dado a esta faixa etária”. A investigadora diz não ter dúvidas que “uma cuidada educação musical nos primeiros anos de vida pode ser um factor extremamente relevante para a promoção do sucesso educativo e do bem-estar social”.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

APLICAÇÃO DE CONDIÇÕES ESPECIAIS NA REALIZAÇÃO DAS PROVAS E EXAMES DO ENSINO BÁSICO E DO ENSINO SECUNDÁRIO

Aplic de Condicoes Especiais Ebs 08-02-2013 by Apafid Guarda

Declaração de retificação 525/2013 (retifica Despacho nº. 5048-B/2013 matrículas e turmas)

declaração retificação525 2013 04 29 retifica desp5048 matriculas e turmas by apafid

Identificadas células envolvidas no reconhecimento dos números

Estudo está publicado no «Journal of Neuroscience» (2013-04-18)

      








Cérebro teve de se adaptar à invenção dos números

         Cientistas da Universidade de Stanford localizaram um grupo de células nervosas especializadas no reconhecimento dos números. Tendo em conta a evolução do nosso cérebro, o uso dos números é uma “invenção” recente à que os nossos neurónios tiveram de se adaptar, diz o estudo publicado no «Journal of Neuroscience».
       Josef Parvizi, professor associado de Neurologia e director do Programa de Electrofisiologia Cognitiva intracraniana Humana, dirigiu a equipa que demonstrou pela primeira vez a existência de um grupo de neurónios que se especializaram no processamento de números. “Nesta pequena população de células nervosas, vimos uma resposta muito maior aos números do que a símbolos semelhantes”, explicam.

       A descoberta abre portas a futuras investigações que poderão permitir determinar como se processa a informação nas matemáticas. Poderá ter, também, repercussões clínicas para problemas como a dislexia para os números ou com discalculia (incapacidade de processar informação numérica).
      O grupo identificou entre 1 e 2 milhões de células nervosas localizadas à volta do temporal inferior. Esta região do córtex, situada em ambos os lados do cérebro, está envolvida no processamento da informação visual. Processa a informação procedente do córtex visual e encarrega-se de reconhecer formas geométricas e objectos. Está também ligada à memória de longo prazo para estas formas.
"Ninguém nasce com capacidade para reconhecer números"
      Para o nosso cérebro, os algarismos, que representam quantidades, são algo relativamente recente. O nosso cérebro não estava preparado e teve de aprender a reconhecê-los. Nenhum ser humano nasce com esta capacidade e o mesmo acontece com a leitura, a escrita ou a música, afirmam os investigadores.
      A solução para adaptar-se a essas novas formas culturais, processá-las e reconhecê-las passou por uma espécie de “reciclagem neuronal” em que alguns neurónios aprenderam a identificar os símbolos associados aos números e a dar-lhes significado.
Estes neurónios tinham uma função muito mais primitiva, como reconhecer curvas ou linhas entrecruzadas que são frequentes na natureza (ramos de árvores, arestas) que também fazem parte dos números e das letras.
      Graças a esta 'plasticidade', a parte do córtex que tinha como função reconhecer essas formas geométricas pôde adaptar-se aos novos conhecimentos culturais, reconhecendo códigos arbitrários que representam letras ou números. Diz Parvizi: “é uma demonstração espectacular da capacidade que os nossos circuitos cerebrais têm para se modificarem como resposta à educação. Ninguém nasce com capacidade para reconhecer números”.
in Ciência Hoje, 20/04/2013

Investigação associa alterações na placenta ao risco de autismo

Estudo de investigadores da Universidade de Yale está publicado na «Biological Psychiatry» (2013-04-26)

 





      



Os tratamentos contra o autismo são mais eficazes nos primeiros dois anos de vida.
       Os tratamentos contra o autismo são mais eficazes nos primeiros dois anos de vida. O problema é que, normalmente, a patologia só é diagnosticada aos três ou quatro anos de idade. Um grupo de investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Yale apresenta agora os resultados de uma investigação em que se mostram procedimentos para a detecção precoce da doença através da análise da placenta no momento do nascimento do bebé.
       O estudo, que pode determinar qual o risco da criança vir a desenvolver a doença, está publicado publicado na «Biological Psychiatry».

       A presença de dobras irregulares no cordão umbilical e, especialmente, a proliferação irregular de um tipo de células chamadas trofoblastos (as primeiras que se diferenciam uma vez fecundado o óvulo e que formam a camada externa do blastómero) que aparecem onde não deveriam estar são dois dos factores a ter em conta.
       Até ao momento, o melhor indicador que existe para determinar se uma criança corre o risco de desenvolver este transtorno é a história familiar. Se o casal tiver já um filho com este transtorno a probabilidade de terem outro com o mesmo problema é nove vezes maior.
Para chegar aos dois marcadores descritos no artigo, os investigadores, liderados por Harvey Kliman, e cientistas do Instituto de Neurociências Mind, da Universidade da Califórnia em Davis, submeterem a estudo 117 placentas de bebés com irmãos autistas.
       Compararam os resultados das observações com os dados de outras 100 placentas (grupo de controlo). Nas placentas dos bebés considerados de risco encontraram-se até 15 inclusões de trofoblastos.
       Se estes indícios se confirmarem com um diagnóstico sólido, os especialistas recomendam uma intervenção precoce que consiste, basicamente, em sessões de tratamento comportamental. “É na idade mais precoce que a plasticidade cerebral é maior; assim, os resultados são também melhores. A terapia dirige-se, essencialmente, a potenciar as relações sociais, as capacidades comunicativas e a linguagem”, explicam os investigadores.
in Ciência Hoje, 29/04/2013.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Habilidades para a leitura

Habilidades Para a Leitura by apafid

Ação de Formação. DISCALCULIA

A APAFID promove uma ação de Formação, subordinada à temática da Discalculia.
Este evento decorrerá no próximo dia 1 de junho, a partir das 14h30, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL) e terá como formador o Professor Doutor Rafael Silva Pereira.
As inscrições poderão ser enviadas, por e-mail (apafid@gmail.com), ou, presencialmente, na sede da Associação.

Contamos consigo!


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Exames Nacionais e Provas Finais: Utilização de calculadora

Oficio Circular Calculadora 2011 2012 by Apafid Guarda

Uso de Dicionários nas Provas/Exames Finais Nacionais: Português Língua Não Materna

ofc_dge_2012_2 by Apafid Guarda

Abril e a adoção

Em 16 de Abril de 1995, Iqbal Masih, tinha apenas doze anos, quando foi assassinado. Decidira denunciar a exploração de que eram vítimas as crianças, que como ele, trabalhavam sem descanso nas fábricas de tapetes do Paquistão.
Iqbal tinha sido vendido pelo pai aos quatro anos, que por ele recebeu 12 dólares. Foi morto pela Máfia da indústria das tapeçarias, que não perdoou a sua ousadia. Só recentemente soube que esse dia passara a ser assinalado como o Dia Mundial contra a Escravatura Infantil.
Não consigo deixar de pensar nos milhões de crianças, como o Iqbal, que crescem sem nunca terem brincado e sem nunca terem aprendido a ler.
E se pudéssemos resgatar algumas crianças, pelo menos as mais pequeninas? E se conseguíssemos fazer com que, pelo menos algumas destas crianças fossem adotadas?
No ano passado, falei da adoção a propósito da palestra que Souhayr Belhassen, ativista dos Direitos Humanos e vencedora do Prémio Norte-Sul, deu na Universidade Católica, onde manifestou enorme preocupação pelo facto de temer que o novo Governo islamita da sua Tunísia revogasse a Lei da adoção, o que, em seu entender, representaria um retrocesso para os direitos de algumas crianças.
Lembrei-me muitas vezes de retomar este assunto tão apaixonante, quanto difícil. Mas agora, como decorreu recentemente em Lisboa um Congresso sobre a Adoção, decidi-me, até porque vejo sempre um interesse redobrado sobre ele, visível nas múltiplas abordagens da comunicação social, quando foi publicado o 10º Relatório sobre o Acolhimento de Crianças, em que os dados sobre a adoção suscitaram maior curiosidade.
Sobretudo, achei que tinha de escrever ainda durante este mês, porque foi Abril que veio permitir um novo olhar sobre o direito de todas crianças a serem tratadas sem qualquer distinção. No nosso País, antes do 25 de Abril, havia uma, enorme, entre filhos legítimos e ilegítimos, o que deixou de ser possível com a Constituição de 1976, que proibiu a discriminação em razão do nascimento.
Leonor Beleza, que integrava a Comissão de Revisão que em 1977 procedeu às grandes alterações no Direito da Família, conta que foi justamente com base nessa norma anti-discriminação que se decidiu alargar o âmbito da adoção, por forma a permitir a todas crianças, sem excepção, terem uma família.
É que, mesmo depois de, em 1966 ter sido reintroduzida a adoção no nosso sistema jurídico, que durante cem anos a excluiu, só podiam ser adotados filhos de pais incógnitos ou falecidos.
Como não era reconhecida legitimidade ao consentimento, ficavam de fora, desde logo, os meninos rejeitados. E ficavam de fora também os abandonados, os seviciados, os abusados, desde que os pais fossem vivos ou conhecidos.
Ouvi há dias o Presidente da Cooperativa “Pelo Sonho é que Vamos”, Manuel Matias, sobre a demora de um processo relativo a uma criança cuja mãe, desde o seu nascimento, declarara não querer assumi-la: decorridos dois longos anos, a criança permanecia na Instituição porque o Juiz não queria admitir que uma mulher com formação universitária quisesse entregar um filho para a adoção e teimava em convencê-la a exercer responsabilidades que não desejava. Achei que faria sentido salientar aqui que foi precisamente por causa desta ideia, de que o consentimento era anti-natural, como dizia o Visconde de Seabra, que antes de 1977, ele não era admissível.
E creio, sinceramente, que estas decisões poderão ser afinal motivadas por concepções desta natureza, e que permanecem, porque se fundamentam em ideias muito fortes sobre os sentimentos maternais, que muitos pensam ser inatos, quando a vida demonstra que nem sempre é assim. Bastará lembrarmo-nos da obra de Elisabeth Badinter “O Amor Incerto”, quando ela própria refere, a propósito das reacções que o livro suscitou, que ”a maternidade é ainda hoje um tema sagrado”.
A história da infância está cheia de relatos de maus tratos, de abusos de toda a ordem, de infanticídios, praticados pelos pais. Mas apesar de todas as atrocidades que sabemos, muitas pessoas insistem em romantizar as relações familiares e recusam-se a admitir a realidade incómoda, que nos interpela todos os dias.
Edgar Morin dizia que “as convicções são mais fortes do que os factos que as desmentem” e desgraçadamente, tenho constatado que frequentemente as crianças continuam a ser vítimas de mitos, confundindo-se o que são os desejos, mesmo que bem intencionados dos decisores, com as reais necessidades dos destinatários de tais decisões.
O que é certo é que durante muito tempo, todas as normas convergiram para limitar a adoção e a interpretação das novas normas dificultou, muitas vezes, a filiação adotiva.
Estou convencida também que a indiferença permitiu, mais vezes do que seria desejável, essa interpretação restritiva.
Chegados a este ponto, creio que deveremos fixar algumas ideias-chave: Em primeiro lugar, os Tribunais, nesta matéria, devem ser rigorosos na apreciação da prova e jamais a pobreza deverá poder ser fundamento para retirar crianças à sua família biológica. Se uma família vive em extrema pobreza, deverá ser apoiada, pela comunidade, pelas IPSS, pelos competentes serviços do Estado, seja pelas Autarquias ou pela Segurança Social.
A questão determinante a apurar deverá ser a existência de relação afetiva. Deverá portanto, com segurança, concluir-se que ou não chegou a estabelecer-se a relação, como sucede, por exemplo, nos casos de rejeição ou de consentimento prestado imediatamente após o nascimento, ou que houve uma ruptura dos laços afectivos próprios da filiação, como geralmente sucede nos casos de abandono, de maus tratos graves ou até de abusos sexuais.
Por fim, é importante que compreendamos que felizmente no nosso País há cada vez menos bébés abandonados, o que resulta do grande investimento que tem sido feito na área social nas últimas décadas.
E será legítima a insistência, levada por vezes ao exagero de pretender impôr aos candidatos à adoção crianças mais velhas, algumas já adolescentes, quando sempre desejaram uma criança de baixa idade? Não corresponderá esse desejo afinal ao sonho natural de ter um filho ao colo para acalentar? E não haverá dificuldades acrescidas e até riscos no estabelecimento de uma relação afetiva de qualidade nestas situações?
Tenho para mim que ninguém tem o direito de impor nada nesta matéria tão delicada e que a culpabilização dos candidatos só criará maiores dificuldades em situações já de si muito vulneráveis.
Por isso, à semelhança do que se verifica nos outros Países da Europa, a tendência será decerto para a adopção de nacionais ser residual. Preconizo, assim, uma maior abertura à adopção internacional.
Porque todos os meninos do mundo merecem ter uma família que os ame.

Drª Dulce Rocha, Vice-Presidente do Instituto de Apoio à Criança, na revista Visão de 18 de Abril de 2013.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Workshop em Integração Sensorial para Terapeutas da Fala


Docente: Dra Marta Figueiredo

Destinatários: Estudantes de Terapia da Fala e Terapeutas da Fala.


 
OBJETIVOS:

- Adquirir noções básicas de Integração Sensorial.
-
Aumentar o conhecimento sobre os sentidos/sistemas sensoriais.
-
Identificar os diferentes tipos de processamento/interpretação da informação sensorial.
-
Identificar sinais de stress/sobrecarga sensorial.
-
Conhecer as características dos estímulos sensoriais e sua aplicação no contexto de intervenção do Terapeuta da Fala.
-
Reforçar a importância do trabalho interdisciplinar no contexto de intervenção.

 
METODOLOGIA DE ENSINO:


O curso será organizado numa perspectiva teórico-prática, com suporte audiovisual e participação activa do formando. Com incidência na apresentação e discussão de temas específicos de Avaliação e Intervenção e apoio ao trabalho desenvolvido pelo aluno.


CERTIFICADO

O Certificado de Formação Profissional é emitido sempre que os formandos atinjam os objetivos pedagógicos que figuram no programa do curso de formação. Os formandos terão de frequentar pelo menos 75% do número total de horas da formação.

 Inscrições on-line:

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Legislação que permite acesso ao ensino profissional no 6.º ano quase pronta

Legislação que permite acesso ao ensino profissional no 6.º ano quase pronta

A revisão da legislação sobre o ensino profissional, que permitirá aos alunos do 6.º ano de escolaridade optar por esta via, está quase concluída, mas a medida preocupa especialistas em educação que temem uma "seleção precoce" dos estudantes.
 
"Está em curso a revisão da portaria (sobre ensino profissional) que deverá estar concluída muito em breve. As mudanças vão permitir que os alunos do 6.º ano possam integrar esta formação em alternativa à escola (tradicional). Além disso, deverá também ser alargado o limite de idade de acesso, que passa dos atuais 24 para os 30 anos", divulgou, esta sexta-feira, a diretora do Serviço do Departamento de Coordenação da Oferta Formativa do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), Carla Gouveia.
O anúncio foi feito durante o seminário internacional sobre o ensino e formação profissional dual na Alemanha e em Portugal, no qual participou o diretor pedagógico da escola profissional INETESE, Augusto Pascoal, e a presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE).
"O que foi hoje aqui revelado não é garantidamente o melhor caminho", alertou Augusto Pascoal, contestando a hipótese de os alunos poderem seguir para uma via profissional logo no 6.º ano.
Em declarações à Lusa, Augusto Pascoal lembrou o caso alemão para explicar os seus receios: "Na Alemanha, são as escolas que decidem se os alunos devem continuar no ensino regular ou se devem seguir para o profissional. A decisão é feita com base nas notas e os pais não têm direito a escolher ou orientar o percurso dos seus filhos. Quem decide é a escola".
O diretor pedagógico do INESETE é um defensor do ensino profissional a partir do 9.º ano, como acontece atualmente em Portugal. "Quando os alunos têm insucesso escolar, o ensino profissional é uma escolha que os pode motivar e fazer acreditar que são capazes. Mas ser uma opção logo no 6.º ano é perigoso porque poderá criar segregação de alunos", alertou.
Uma posição partilhada pela presidente do CNE, Ana Maria Bettencourt, que teme uma "seleção precoce".
Em declarações à Lusa, a presidente do CNE recordou recomendações internacionais que defendem um ensino regular, igual para todos, até ao 9.º ano. "O CNE também defende o ensino regular até ao 9.º ano. É um sistema mais equitativo. Fazer uma separação precoce de alunos é recuar em termos de equidade".
O relatório "Estado da Educação2012" sublinha precisamente que o sucesso escolar está relacionado com a origem social das famílias, ou seja, que as crianças de famílias carenciadas têm mais dificuldades em obter bons resultados escolares.
Permitir o acesso do ensino profissional "aos 12 ou 13 anos é corrermos o risco de estar a selecionar as pessoas que têm origens sociais mais frágeis", alertou Ana Maria Bettencourt.
Apesar dos alertas, o Governo prefere salientar que "Portugal precisa de técnicos intermédios para desenvolver a indústria e combater o desemprego", segundo palavras do secretário de estado do Ensino Básico e Secundário, João Grancho, também presente no seminário.
"O Governo está fortemente empenhado na estratégia de criar um sistema dual, mas acima de tudo em responder às especificidades dos jovens e às necessidades das empresas", afirmou João Granjo.
A responsável do IEFP lembrou que o ensino profissional abrangeu até 2012 cerca de 30 mil alunos e que espera "conseguir abranger 100 mil jovens até 2020".
"Atualmente estes cursos de formação são dirigidos para jovens até aos 24 anos, mas o que está em cima da mesa (revisão da legislação) é alargar a faixa etária, dos 24 para os 30 anos", sublinhou Carla Gouveia, do IEFP, lembrando que neste momento há "40 áreas de educação e formação e 68 saídas profissionais prioritárias".
 
in JN, 12/04/2013

Despacho nº. 5165-A/2013: REVOGA PROGRAMA de MATEMÁTICA

despacho5165 2013 04 16 Revogação do programa de matemática by apafid

Matemática: professores contra novo programa

Matemática: professores contra novo programa
Por Graça Barbosa Ribeiro
Docentes indignados com programa. Revogação no primeiro ciclo do ensino básico é considerada uma "vergonha"
A presidente da Associação Nacional de Professores de Matemática (ANPM), Lurdes Figueiral, acusou ontem o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, de estar a fazer "retroceder 40 anos o ensino em geral e, em particular, o da Matemática".

"O que se está a passar é uma vergonha", disse Lurdes Figueiral, reagindo assim à notícia de que o Ministério da Educação e Ciência acabara de revogar, por despacho, o programa da disciplina para o ensino básico, substituindo-o por outro, que entra em discussão pública na próxima semana e em vigor, nas escolas, em Setembro.

Sublinhando que estava a reagir "a quente" e "a título individual", já que não reunira a direcção, Lurdes Figueiral recordou que o programa de Matemática homologado em 2007, "e aplicado progressivamente desde então, só este ano foi generalizado a todos os alunos do 9.º ano e tem dado bons resultados". "Não há nada que justifique esta alteração, a não ser uma espécie de cruzada de um ministro que não é sequer matemático, mas sim economista, e que também parece não perceber de educação", acusou.

Segundo o Ministério da Educação e Ciência, o novo programa vai "complementar as metas curriculares" cuja aplicação, este ano, lê-se no despacho, "teve resultados muito positivos nas escolas e nas turmas". Tanto a actual como a ex-presidente da ANPM e especialista em Educação Matemática Elsa Barbosa desmentem que assim seja. "Não sei por onde andam as equipas do ministro: nas escolas onde vamos, as metas ou não estão a ser aplicadas ou estão a causar uma enorme confusão e estupefacção, por representarem o retrocesso ao ensino dos anos 70", disse Elsa Barbosa.

"O antigo programa continuará a servir como documento de apoio nos anos para os quais as metas não são ainda obrigatórias", esclareceu o Ministério da Educação referindo-se ao programa que está hoje em vigor nas escolas.
In Público, 17-04-2013.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

O semáforo do estudo

O semáforo do estudo
Armanda Zenhas | 13-03-2013

Armanda Zenhas Mestre em Educação, área de especialização em Formação Psicológica de Professores, pela Universidade do Minho. É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, nas variantes de Estudos Portugueses e Ingleses e de Estudos Ingleses e Alemães, e concluiu o curso do Magistério Primário (Porto). É PQA do grupo 220 na Escola Básica de Leça da Palmeira e autora de livros na área da educação. É também mãe de dois filhos.

Hoje proponho um passatempo. Quais das atividades enunciadas em seguida podem ser consideradas "estudar"?
 

·    Fazer os trabalhos de casa.
·    Ler as páginas do manual dadas na última aula e fazer um resumo da matéria.
·    Fazer uma pesquisa sobre um tema na Internet.
·    Conversar com um colega sobre a matéria dada na aula.
Na minha opinião, todas estas atividades podem ser estudar, mas também todas elas podem não o ser.
Resposta estranha esta? Então fazer os TPC, por exemplo, não é sempre "estudar"?

Respondo:
E quando os estudantes fazem os TPC a correr antes de entrarem para a aula, muitas vezes copiando por um colega? E quando fazem os TPC em casa, mas não estudam primeiro a matéria a que eles dizem respeito e, por isso, não compreendem o que estão a fazer, pretendendo apenas mostrar que cumpriram a tarefa? E quando pedem ajuda a alguém (um colega ou um adulto) e o apoio recebido consiste apenas em lhes ser dita a solução e não em serem auxiliados a aprender a resolver a tarefa pedida? Poderíamos fazer uma análise idêntica para cada uma das outras atividades referidas.
Para ajudar a que estudar seja sempre "estudar", proponho o semáforo do estudo.

Luz vermelha: Parar para pensar, definir objetivos e planear.
Vou estudar Português. Mas... o que preciso de estudar? Palavras da mesma família? O texto narrativo? Recursos estilísticos? Onde encontro essa matéria? No livro? No caderno diário? Na gramática? Num site da Internet? De que material vou precisar? Do livro e do caderno diário? De material de escrita? Da gramática? Do dicionário? E que atividades vou fazer? Leitura da página da gramática para rever o que foi dado na aula? Um esquema com os recursos estilísticos? O TPC? E qual a melhor ordem para realizar essas tarefas?

O semáforo passa a amarelo quando todas estas decisões estiverem tomadas e o material preparado para iniciar o trabalho.

Luz amarela: Avançar devagar e com cuidado, para estudar realmente e aprender.
Nesta fase, são realizadas as tarefas definidas na primeira etapa. No caso de surgirem dúvidas, não devem ser ignoradas. A consulta do manual ou da gramática é uma estratégia de resolução possível, tal como perguntar a um familiar ou a um colega. Em último caso, anota-se a dúvida para perguntar ao professor na aula.

As tarefas estão realizadas. O estudo acabou. Verdade? Mentira!

Luz verde a aproximar-se: Avaliar o trabalho realizado e as aprendizagens efetuadas.
Terminada a realização das tarefas definidas, é necessário verificar se os objetivos traçados foram atingidos. Já sei as características de um texto narrativo? Já consigo definir e identificar os recursos estilísticos? Se as respostas a estas ou a outras perguntas correspondentes aos objetivos do estudo são afirmativas, o semáforo passa a verde e o estudo terminou. Se as respostas são negativas, o semáforo passa novamente a vermelho. É preciso saber que razões levaram a que os recursos estilísticos não tivessem ficado compreendidos. Não estive com atenção, porque queria acabar depressa? O telemóvel estava sempre a tocar e eu parava para ler os sms? Não li as definições que estão na gramática? Não analisei os exemplos? Fiz o TPC sem ter estudado primeiro a matéria? Encontrados, desta forma, os obstáculos que impediram que houvesse aproveitamento no estudo, são definidas novas estratégias para os resolver. Desligar o telemóvel. Ler a página da gramática e analisar os exemplos. Fazer novamente os exercícios e verificar se estão bem. O semáforo passa outra vez a amarelo para estas tarefas serem executadas. No fim, começa uma vez mais a passar a verde. Se nesta nova avaliação se verificar que o estudo resultou, agora sim, o semáforo pode passar a verde. A tarefa está cumprida.

O mais importante no estudo não é que ele ocupe uma grande quantidade de tempo. Esta é variável de estudante para estudante. Fundamental mesmo é que o estudo seja feito regularmente e passe por estas três fases. Estudar é uma atividade que requer implicação pessoal, concentração, reflexão...

Estudar é uma atividade que, embora possa ser feita com ajuda e até mesmo em grupo, não dispensa o envolvimento total do estudante. Estudar é bom, porque quando se aprende fica-se mais apto a ler o mundo e a intervir nele de forma consciente. É pena que, muitas vezes, estudar seja sentido como uma tarefa enfadonha (não apenas pelos jovens, mas também por muitos adultos), o que é bastante estimulado por um ensino excessivamente virado para a avaliação por testes e por exames, desde idades precoces, em que essa enriquecida e mais enriquecedora e participada leitura do mundo é difícil de vislumbrar.
in Educare.

 
 
 
 
 

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Relatório "Estado da Educação 2012": Portugueses melhores que alemães e franceses

Portugueses melhores que alemães e franceses
Há cada vez mais alunos a frequentar o ano adequado à sua idade e as notas conseguidas nas avaliações internacionais já colocam os estudantes portugueses à frente dos alemães, franceses ou suecos, revela o relatório "Estado da Educação".

Em apenas uma década, o percurso escolar dos alunos portugueses tornou-se menos perturbado por retenções.

O número de alunos nas salas de aula aumentou e o sucesso escolar melhorou, segundo o relatório "Estado da Educação 2012 - Autonomia e Descentralização" hoje divulgado, que fala em "progressos assinaláveis na prevenção do abandono escolar".

Entre o ano de 2000/2001 e 2010/2011, o ensino pré-escolar passou a receber mais crianças, assim como o 1º ciclo registou um aumento de meninos.

O relatório, realizado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), diz que quase 100% das crianças e jovens entre os seis e os 16 anos frequentavam uma escola no ano letivo de 2010/2011.

Entre os alunos de 16 anos, por exemplo, registou-se um aumento de 12 pontos percentuais em apenas uma década.

As escolas também passaram a ter muito mais adolescentes de 17 anos nas salas de aula: em 2001, um em cada quatro estudantes tinha desistido de estudar, já em 2011 apenas 8,8% não frequentava a escola.

Além de haver menos abandono, o relatório sublinha o facto de o insucesso escolar também estar a diminuir.

No entanto, ainda há muitos estudantes que não frequentam o ano que deveriam. Por exemplo, no ano letivo de 2010/2011, um em cada quatro alunos de 12 anos ainda não tinha chegado ao 3º ciclo.

Os rapazes são quem apresenta mais dificuldades em frequentar o ano correspondente à idade, segundo uma tabela apresentada no relatório, que mostra que no 12º ano há 55% de mulheres com a idade ideal enquanto os homens são apenas 45%.

O "Estado da Educação" mostra ainda as zonas do país onde as retenções são mais reduzidas (como Braga, Viana do Castelo ou Aveiro) e outras estão sempre acima da média nacional (como Lisboa, Setúbal, Évora, Portalegre, Beja e Faro).

O CNE chama a atenção para o risco de um "considerável número de jovens" chegar aos 18 anos e abandonar a escola sem ter terminado o ensino secundário.

No entanto, nem tudo são más notícias: a presidente do CNE, Ana Maria Bettencourt, sublinhou a melhoria dos resultados alcançados pelos alunos portugueses nas avaliações internacionais de leitura, matemática e ciências.

De acordo com os exames realizados aos alunos do 4º ano, os portugueses ficaram em 13º lugar, com a mesma pontuação que a Alemanha, Holanda ou Suécia e á frente de países como a França, Áustria ou Noruega.

Na prova de matemática, os alunos portugueses do 4º ano ficaram em 14º lugar num ranking de 50 países, à frente da Alemanha, Suécia e Noruega, sublinhou Ana Maria Bettencourt.

In, Lusa, publicado por Lina Santos, 10/04/2013.