segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Falando de disgrafia....

Disgrafia



Escrita (mais ou menos) ilegível, sem que um significativo transtorno neurológico ou intelectual o justifique.

Há a considerar dois tipos de disgrafia.

Disgrafia motriz:
É um transtorno psicomotor. A criança que tem disgrafia motriz, compreende a relação entre os fonemas que ouve e que ela própria reproduz, pronunciando-os sem qualquer dificuldade, porém, revela dificuldade no registo escrito desses sons (fonemas), em virtude de dificuldades que se prendem com a sua motricidade.
Manifesta-se pela lentidão com que escreve, pelos movimentos gráficos dissociados, pelo desenho/traçado dos signos gráficos de forma indiferenciada; pelo manejo incorreto do lápis e por uma postura inadequada ao escrever.

Disgrafia específica:
A dificuldade para reproduzir letras ou palavras não corresponde a um transtorno exclusivamente motor, mas a uma má perceção das formas, a lacunas na orientação espacial e temporal; a dificuldades relacionadas com o ritmo de trabalho, comprometendo, assim, toda a motricidade fina.
As crianças que sofrem deste tipo de disgrafia podem apresentar:

            * Rigidez na escrita: com tensão no desenho das letras
            * Grafismo solto: uma escrita irregular, mas com poucos erros no traçado motriz
            * Impulsividade: escrita pouco controlada, letras difusas, uma deficiente organização da página
            * Inabilidade: escrita ilegível; na cópia de palavras, a criança apresenta grandes dificuldades
            * Lentidão e meticulosidade: escrita muito regular, porém extremamente lenta. A criança apenas se preocupa com a precisão no desenho das letras, podendo demorar horas para escrever uma breve frase ou um parágrafo.



Diagnóstico

O diagnóstico em sala de aula consiste em precisar o grau de alterações que a crianças apresenta e sistematizar o tipo e a frequência do erro gráfico cometido (letra irregular; tamanho da letra; traçado muito vincado no papel; traçado muito leve, quase impercetível…)
É necessário que a criança seja corrigida e apoiada diariamente, vigiando todas as suas produções escritas e destacando os erros para que possa ser feita a respetiva reeducação com exercícios adequados.

De forma individual, podem realizar-se exercícios como:

Ditado: de letras, sílabas ou palavras, tendo em conta o nível de escolaridade da criança (sugere-se que seja feito com recurso ao manual escolar do ano que o aluno frequenta). Depois de realizar o ditado, o professor deve analisar os erros cometidos pelo aluno, procurando estabelecer a sua tipologia (qual é o problema, afinal: tamanho da letra; no tipo de letra (mais vincada ou quase impercetível; espaçamento entre letras ou entre palavras…).
Se o aluno já escreve sozinho, pode sugerir-se que escreva um pequeno texto sobre um tema do seu agrado (“ desporto ou jogador preferido”; “filme/desenho animado de que goste”). Depois de ter finalizado o seu texto, procede-se à análise dos erros cometidos e estabelece-se a sua tipologia, conforme foi sugerido para o exercício de ditado.

Cópia: de um texto (se a criança já sabe escrever; se não souber, copia letras/ sílabas ou palavras.) em letra manuscrita e de outro texto em letra de imprensa. Pede-se que reproduza o texto tal qual está escrito, reproduzindo o traçado das letras (manuscrita e imprensa). De seguida, pedir que faça o exercício de copiar um texto manuscrito, em letra de imprensa e o inverso (texto apresentado em letra de imprensa, deverá ser copiado para letra manuscrita).
Com este tipo de exercício procura-se observar se a criança é capaz de copiar sem cometer erros ou omissões e, também, se é capaz de converter/alterar a sua letra (o que implica um processo de análise e de síntese).



Reeducação:

A reeducação da disgrafia abarca uma infinidade de atividades que poderão ser concebidas e levadas a cabo pelo professor. Recomenda-se que os exercícios de reeducação sejam feitos num caderno distinto daquele que é usado diariamente para a disciplina, de forma a poder incluir novos exercícios, sempre que surja um traçado de letra(s) mais irregular, e que carece de exercitação.
A reeducação tem como objetivo recuperar a coordenação global e manual e a aquisição do esquema corporal: reabilitar a perceção e atenção gráficas; estimular a coordenação visomotriz; melhorando o processo óculo-motor; educar e corrigir a execução dos movimentos básicos que intervêm na escrita (retilíneos; ondulados…), assim como ter em conta conceitos como: melhorar a execução de cada uma das letras; melhorar a fluidez escrita; corrigir a postura do corpo, dedos, mão e braço.

A reeducação da disgrafia integra diferentes áreas:

1. Psicomotricidade global e psicomotricidade fina: a exercitação psicomotora implica ensinar a criança quais são as posições adequadas:

            a) sentar-se bem, apoiando as costas no encosto da cadeira;
            b) não aproximar muito a cabeça da folha de papel;
            c) aproximar a cadeira da mesa;
            d) colocar o encosto da cadeira paralelo à mesa;
            e) não mexer o papel, enquanto escreve, para que o traçado não seja afetado pelo movimento;
            f) não colocar os dedos muito separados do bico do lápis, pois este não fica bem seguro e a criança não controla a escrita;
            g) não colocar os dedos muito próximos do bico do lápis, pois não consegue ver o que escreve e há um mais cansaço dos dedos;
            h) colocar os dedos sobre o lápis a uma distância de mais ou menos 2-3 cm da folha de papel.

2. Perceção: as dificuldades percetivas (espaciais; temporais; visopercetivas; de atenção…) podem estar na base de muitos erros de escrita (fluidez; inclinação; orientação…), portanto, deverá trabalhar-se a orientação rítmico temporal, a atenção; a distinção figura-fundo e a reprodução de modelos visuais.

3. Visomotricidade: a coordenação viso motriz é fundamental para conseguir uma escrita adequada. O objetivo da reabilitação visomotriz é melhorar os processos oculomotrizes, que facilitaram o ato de escrita. Para a recuperação visomotriz podem realizar-se as seguintes atividades:
Picotar; recortar com tesoura; rasgar com os dedos; modelar com plasticina e colorir desenhos.

4. Grafomotricidade: a reeducação grafomotora tem por finalidade educar e corrigir a execução dos movimentos básicos que intervêm na escrita. Os exercícios de reeducação consistem em estimular os movimentos básicos das letras (retilíneos; ondulados…), assim como ter em consideração conceitos tais como: pressão e fluidez… Os exercícios podem traduzir-se por ser movimentos retilíneos; movimentos de ondas; curvilíneos de tipo circular; completar simetrias em papel pautado e preencher desenhos ponteados.

5. Grafoescrita: este ponto da reeducação pretende melhorar a execução de cada uma das gestalt que intervêm na escrita, quer dizer das letras do alfabeto. A exercitação traduz-se por exercícios de caligrafia.

6. Aperfeiçoamento da escrita: a exercitação consiste em melhorar a fluidez da escrita, corrigindo os erros. As atividades que podem realizar-se são: completamento de letras e de palavras; trabalhar com quadrículas; portanto, realizar qualquer exercício psicomotor.

Devem reservar-se 10 minutos para relaxamento:

Relaxamento: tocar as pontas dos dedos com o polegar, primeiro lentamente e depois aumentando a velocidade
Juntar as mãos, e unir os dedos, um a um; polegar com polegar; indicador com indicador…
Fechar as mãos com força e mantê-las assim, enquanto se conta até dez e depois abrir as mãos.



FICHA DE OBSERVAÇÃO

OBSERVAÇÕES
SIM
NÃO
ÀS VEZES
Letra inclinada



Letra com tamanho inadequado



Deficiente espaçamento entre letras (muito separadas ou muito juntas)



Omissão de letras



Inversão de palavras



Letra legível



Confusão de palavras com sons semelhantes








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